O que é nicotina?

A nicotina é uma substância psicoativa (um alcalóide vegetal) encontrada principalmente nas folhas do tabaco. Ela também está presente em outras plantas, como aquelas que dão origem aos tomates, batatas e berinjelas, mas em concentrações muito baixas. Nas folhas de tabaco, a concentração de nicotina é de cerca de 90%. 

A nicotina vem da natureza, contudo, ao longo do tempo, a indústria do tabaco manipulou e acrescentou outras substâncias à sua composição natural. Descubra a seguir como ela é utilizada em diferentes tipos de cigarro e quais são seus efeitos no corpo humano.

Importância na indústria do tabaco

A nicotina é a base do efeito psicoativo – a sensação de prazer e relaxamento – de um cigarro artesanal, apenas com as folhas de tabaco, um cigarro industrial ou um cigarro eletrônico. Nos cigarros eletrônicos, todavia, a presença dessa substância não é obrigatória, os líquidos (juices) que se transformam no vapor inalado podem ou não conter nicotina.

Ao longo da história da indústria do tabaco, a nicotina sofreu vários tipos de manipulação. A mais conhecida aconteceu nos anos 1960, quando os cientistas da Philip Morris descobriram que ao acrescentar amônia à nicotina, acelerariam seu processo de absorção pelo corpo. Deste modo,  geraria uma sensação mais rápida de prazer e, em contrapartida, aumentaria a dependência. Assim foi criado o cigarro Malboro.

Mais tarde, surgiu a nicotina tipo nicsalt, criada a partir da associação do alcalóide encontrado nas folhas de tabaco não processadas (sais de nicotina) e do ácido benzoico, lático ou levulínico. Essa combinação permite que a nicotina seja utilizada em maiores concentrações, porém que seja absorvida com rapidez e suavidade. A nicotina nicsalt costuma ser utilizada nos juices para os cigarros eletrônicos do tipo pod system.

Efeitos da nicotina no organismo

Um dos benefícios da nicotina é a sensação de prazer e bem-estar. Ela estimula o sistema nervoso central e age liberando neurotransmissores, como a dopamina, proporcionando um duplo efeito: tranquilizante e estimulante.

Sensação de alerta, aumento da frequência cardíaca, pressão arterial elevada e aumento da liberação de adrenalina também estão entre os efeitos frequentes da nicotina, o que pode causar um aumento temporário na resistência física e mental. Além disso, a substância atinge a função gastrointestinal, aumentando a motilidade intestinal e suprimindo o apetite.

No entanto, isso tem um custo. Justamente por oferecer essa sensação de prazer rapidamente, a nicotina é altamente viciante. 

Vícios e dependência

A rapidez com que a nicotina atinge o cérebro (em apenas sete segundos) é crucial para esse efeito viciante, levando muitas pessoas à dependência química. A substância também estimula a vasoconstrição, o que pode aumentar a pressão arterial e o risco de problemas cardiovasculares.

Doenças associadas ao tabagismo

Os cigarros tradicionais, além da nicotina, possuem mais de 4.700 substâncias tóxicas. Essa combinação é conhecida por aumentar o risco de vários tipos de câncer em diferentes partes do corpo: pulmão, laringe, esôfago, estômago, pâncreas, rim e bexiga.

O tabagismo também pode causar outras doenças como hipertensão, infarto, angina, derrames, bronquite crônica, enfisema pulmonar, além da impotência sexual.

FAQ

Com a chegada dos cigarros eletrônicos – uma alternativa de redução de danos em relação aos cigarros tradicionais – muitas dúvidas surgem sobre o tipo de nicotina utilizada nos vapes. Será que ela tem a mesma concentração que os cigarros comuns?

Quanto de nicotina contém um cigarro tradicional?

A informação divulgada pelas empresas de cigarro é que um maço tem no máximo 20g de nicotina (cada cigarro teria, portanto, no máximo 1g de nicotina). Essa, porém, é concentração inalada.

Há uma diferença entre a concentração bruta e a inalada, e como elas são encontradas nos diferentes produtos que contêm nicotina. Estima-se que a concentração bruta de nicotina em um maço de cigarros no Brasil pode chegar a 270mg.

Quanto de nicotina contém um cigarro eletrônico?

Não há uma única resposta para essa pergunta. No caso dos cigarros eletrônicos, isso depende do tipo de dispositivo e do tipo de juice utilizado para formar o vapor inalado. Quando se trata de cigarros eletrônicos, o consumidor tem mais liberdade para escolher o teor de nicotina que está disposto a ingerir.

A concentração de nicotina dos juices nicsalt (geralmente utilizado nos pods) varia, em média, entre 25g e 50mg/ml. O máximo de nicotina encontrada nos líquidos para cigarro eletrônico é 60mg. Essa, porém, é a concentração bruta.

Uma pesquisa demonstrou que o processo de vaporização presente nos cigarros eletrônicos, entrega 85% menos nicotina aos pulmões em comparação com um cigarro comum.  Um cigarro tradicional opera por combustão, um processo que por si só é nocivo ao organismo, pois gera alcatrão e monóxido de carbono.

Os líquidos freebase, geralmente utilizados nos mods (dispositivos robustos, que produzem mais vapor), têm uma concentração menor de nicotina, podendo inclusive chegar a zero. Em geral, os juices freebase variam de 0mg a 9mg em termos de concentração de nicotina

Alternativas ao uso de nicotina

Muitos cigarros eletrônicos utilizam líquidos com nicotina, e, sim, podem causar dependência. Por isso, se trata de um produto destinado a adultos, que devem fazer um uso consciente e bem-informado da substância. No entanto, controlar o teor de nicotina ingerido é muito mais fácil com os cigarros eletrônicos. É possível, inclusive, escolher um líquido com zero nicotina ou ir diminuindo aos poucos a concentração da substância nos juices.

Os líquidos contendo CBD (princípio ativo na cannabis) e zero nicotina também têm se tornando bastante populares como alternativa ao consumo de nicotina nos cigarros eletrônicos. As pesquisas indicam que o cannabidiol tem propriedades ansiolíticas e antidepressivas, auxiliando no alívio de transtornos de ansiedade e depressão. O seu potencial analgésico e anti-inflamatório também tem sido estudado, o que pode beneficiar pessoas que sofrem de doenças crônicas.

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